Cuidar da mulher vítima de violência é tema de evento no HEGV

26 de maio, 2023

Cuidar da saúde emocional da vítima, como instrumento para ajudá-la a sair do ciclo de violência doméstica, a partir do esforço para mudança dos modelos mentais que permitem a repetição dos padrões comportamentais abusivos. Essa reflexão foi apresentada na Roda de Conversa no Hospital Estadual Getúlio Vargas, realizada na tarde do dia 24 de maio, no auditório da unidade, promovido pela Coordenação de Serviço Social.

Com o tema “Reflexões com os profissionais de saúde sobre o cuidar da mulher vítima de violência”, os participantes puderam dialogar sobre a necessidade de, no enfrentamento da violência doméstica, se avançar para além de apenas punir as condutas violadoras depois que elas ocorrem, priorizando a criação do suporte e das condições para que a vítima possa se libertar e superar os relacionamentos abusivos e agressivos. O evento contou com a participação da diretora técnica, Dra. Flavia Nobre, e da psicóloga Karine Rossi.

“Buscando pautar a atuação profissional, aliada à humanização no atendimento sobre o tema da violência contra a mulher, expressão marcante da questão social, a realização deste encontro, em alusão ao dia do assistente social, pretende elucidar possíveis dúvidas e ressignificar compromissos com a causa. Os inúmeros atendimentos realizados titulam a necessidade de um comprometimento linear e que tenha desdobramentos assertivos para a vida das usuárias”, afirmou Kelly Cristina Ferreira, coordenadora de serviço social.

A cada minuto, três mulheres sofrem espancamento ou tentativa de estrangulamento. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e evidenciam a cultura de violência que submete muitas mulheres a relacionamentos abusivos e até ao feminicídio. Uma rotina, que além das marcas físicas, deixa cicatrizes emocionais que acompanham as vítimas por toda a vida.

Além de afetar as atividades cotidianas das mulheres, o sofrimento psicológico pode impedir que elas deixem a situação de violência. A dependência emocional, a vergonha de se expor, o medo da reação dos parceiros, o medo do julgamento e do olhar preconceituoso da sociedade fazem com que muitas delas não denunciem seus abusadores. As consequências psicológicas da violência vão desde a quebra da autoestima até o desenvolvimento de doenças como depressão e síndrome do pânico.

No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o feminicídio ocupa a quinta maior taxa de assassinados no mundo. Aprovada em 2015, a Lei nº 13.140 qualifica o feminicídio no Código Penal como crime de homicídio.

“Se a vítima fala que foi agredida ou que foi estuprada, o que ela espera, ao procurar por ajuda, é ser acolhida e receber um suporte. Quando ela chega abalada emocionalmente e perguntam sobre a roupa que usava e se ela tem certeza sobre a denúncia, muitas mulheres desistem. Isso também é uma forma de violência”, finalizou Kelly.

O IPCEP e a Direção do Complexo Estadual de Saúde da Penha têm o compromisso com o treinamento de seus profissionais, elaboração de protocolos e informações sobre a rede de proteção para que não só seja possível identificar os casos de violência contra a mulher e notificá-los, mas também encaminhar as vítimas para o serviço mais adequado.

Acolhimento é a palavra de ordem no Hospital Estadual Getúlio Vargas e na UPA Penha.

 

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Agência Senado, Plataforma “Violência contra as Mulheres em Dados”, Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Coordenação de Serviço Social do Complexo Estadual de Saúde da Penha. Fotos: IPCEP.

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