Hospital Estadual Getúlio Vargas inaugura a sala Átrio
24 de junho, 2022
Oferecer amparo emocional, psicológico, social e espiritual à família do paciente diagnosticado com doença crônica que ameace a continuidade da vida. Assim pode ser definido o objetivo da Sala Átrio do Hospital Estadual Getúlio Vargas, inaugurada no dia 23 de junho de 2022, e que será utilizada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros profissionais da área da saúde do Complexo Estadual de Saúde da Penha.
Definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1990, e atualizada em 2002, os Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. A OMS estima que todos os anos mais de 40 milhões de pessoas necessitarão de cuidados paliativos em algum momento da vida.
A doença, quando surge, não afeta uma pessoa, nem uma família de igual forma. Cada ser humano tem uma realidade interna formada por experiências, intimamente ligada a um processo em que se misturam sentimentos, afetos, relações e recordações resultantes do intercâmbio entre o meio e o sujeito. Na fase final, pode provocar nos familiares uma série de reações emocionais, comportamentais, relacionais etc. Nesse sentido, a tarefa da equipe multidisciplinar é estabelecer uma relação de ajuda que permita aos familiares passarem por este processo sentindo que são e estão acompanhados.
“Em geral, as pessoas não querem falar sobre sua finitude. A doença, o envelhecimento e a morte não são acidentes de percurso, são características inerentes da nossa condição de seres humanos. Mas é muito importante frisar que os cuidados paliativos não são apenas para a fase final de vida, são essenciais desde o início, no processo e, principalmente, focam na qualidade de vida da pessoa, até o final. Quando falamos em cuidado paliativo, o que de imediato vem à mente é a ideia de que o paciente está morrendo e, portanto, não há nada mais a ser feito, o que gera um preconceito na busca por esse tipo de tratamento. Mas isso não é real, precisamos desmistificar esse conceito: no cuidado paliativo há sempre muito a ser feito em prol do bem estar e da qualidade de vida. O objetivo é traçar as melhores estratégias para assegurar a ele a melhor linha de cuidado integral e individualizado para que ele viva e conviva com a doença com plenitude e dignidade”, esclarece Dr. Sandro Oliveira, Coordenador Médico das UTIs do Hospital Estadual Getúlio Vargas e presidente da Comissão de Cuidados Paliativos.
O vocábulo “paliativo” deriva do latim “pallium”, que significa manto. Tal terminologia denota a ideia principal dessa filosofia: de proteger, amparar, cobrir, abrigar, quando a cura de determinada doença não é mais possível. Dessa forma, os cuidados paliativos constituem um campo interdisciplinar de cuidados totais, ativos e integrais.
“Esta sala foi pensada, organizada e preparada por uma equipe multiprofissional. Ela reflete a política do Sistema Único de Saúde e, também, a harmonia institucional do IPCEP e da Direção do Complexo Estadual de Saúde da Penha na busca de um objetivo comum: oferecer ao paciente, familiares e profissionais a dignidade de vivenciar a finitude humana com autonomia, respeito e, sobretudo, sem sofrimento”, ressalta a Dra. Flávia Nobre, Diretora Técnica.
“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para você viver até o dia de sua morte”. A frase de Cicely Saunders, médica britânica, pioneira nos cuidados paliativos, resume a abordagem praticada no HEGV, que visa colocar o paciente com uma doença incurável no cerne do cuidado, respeitando até o último momento os seus desejos e a sua individualidade.
“Átrio fica no coração. Átrio é a camada no coração que recebe todo o sangue do corpo e direciona para os pulmões onde receberá o oxigênio que nos faz vivos. Átrio é o lugar onde devemos acolher todos nossos pacientes e familiares. Átrio e o cuidado paliativo têm grandes similaridades. Nesta sala, vamos acolher, compreender e apoiar os familiares no momento mais difícil de sua vida, oferecendo toda assistência e suporte para que se sintam caminhando juntos com uma equipe dedicada a oferecer os cuidados centrados no paciente e na família”, explica o Coordenador Médico.
O IPCEP e a Direção do Complexo Estadual de Saúde da Penha apoiam as ações da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospital Estadual Getúlio Vargas e UPA Penha 24h.
Fontes: Organização Mundial da Saúde (OMS), Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), The Economist e Comissão de Cuidados Paliativos do Complexo Estadual de Saúde da Penha. Foto e arte: IPCEP.